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Foto do escritorDaniel Sheanan Colmenero Lin

Como se calcula a eficácia das vacinas do COVID-19?

Atualizado: 13 de jun. de 2023

Eficácia e efetividade das injeções — o elefante na sala

Redução de Risco Relativa versus Redução de Risco Absoluta das vacinas contra COVID-19
Eficácia das vacinas contra COVID-19 a partir de ferramentas epidemiológicas distintas

Aqui avaliamos criticamente a eficácia declarada das vacinas de mRNA de Pfizer/BioNTech e Moderna COVID-19 através de ferramentas epidemiológicas clínicas disponíveis. A ausência de relatos sobre redução de risco absoluto em ensaios clínicos de vacinas pode afetar tendenciosamente a interpretação da eficácia das vacinas. O contexto é relevante para profissionais de saúde, pesquisadores, e o público em geral interessado em compreender a eficácia das vacinas para COVID-19, bem como mais adiante compreender relações risco-benefício.


Brown 2021 detalha que a Redução de Risco Absoluta (ARR) corresponde ao percentual infectado no controle (CER) menos o percentual infectado após a vacinação (EER), isto é, ARR = CER – EER; enquanto a Redução de Risco Relativa (RRR) apelidada de eficácia é dada por RRR = ARR/CER (Fig. 1).

A eficácia declarada pelas farmacêuticas provém de cáculos de Redução de Risco Relativa, mas sua efetividade só pode ser contemplada a partir da visualização da Redução de Risco Absoluta
Cálculo de eficácia e efetividade vacinal

A ARR não reportada pela Pfizer (ARR = 0,751 – 0,037 = 0,714%) e a Moderna (ARR = 1,231 – 0,072 = 1,159%) estão muito abaixo da RRR anunciada pela Pfizer (RRR = 0,714/0,75 = 95,1%) e a Moderna (RRR = 1,159/1,231 = 94,1%) (Fig. 2).

A baixa Redução de Risco Absoluta das vacinas de mRNA para COVID contrasta com a eficácia declarada pela Big Pharma
Resultados de avaliação crítica da eficácia de vacinas de mRNA contra COVID-19

A discrepância se dá porque um percentual muito baixo de não vacinados (placebo) contraiu COVID após 6 meses (e.g. 162 de 21564 do placebo Pfizer; 185 de 15025 do placebo Moderna), logo a diferença para os 8 que se infectaram entre 21712 vacinados pela Pfizer e para os 11 que se infectaram entre 15199 vacinados pela Moderna só pode ser expressa no campo da relatividade. Em absoluto, a redução de risco é muito baixa e seria fundamental no campo da ética informar sobre o baixo benefício potencial das injeções experimentais na prevenção do COVID-19.


“A eficácia tem sido calculada como Redução de Risco Relativa (RRR) que considera só participantes que se beneficiariam da vacina e que são relativamente poucos, enquanto a Redução de Risco Absoluta (ARR) que é a diferença entre taxas de infecção com e sem a vacina considera a amostra como um todo. ARR é uma estimativa de efetividade das vacinas, também correspondendo ao número necessário a se vacinar p/prevenir uma infecção. Com o uso só de RRR, omitindo ARR, o viés tendencioso é introduzido, afetando a interpretação da eficácia da vacina. Medidas de eficácia e efetividade não concluem sobre prevenção de hospitalização, doença severa, morte nem prevenção de infecção e transmissão. A avaliação da aptidão das injeções deveria considerar segurança, capacidade, disponibilidade e custos” – Olliaro et al. 2021

Resultados de eficácia têm sido amplamente divulgados e debatidos por meio de comunicados à imprensa e da mídia, às vezes de maneiras enganosas. Embora a atenção tenha se concentrado na eficácia das vacinas a partir da comparação da redução relativa do número de casos sintomáticos, a compreensão completa da eficácia e da efetividade das vacinas é menos simples do que parece. Dependendo de como o tamanho do efeito é expresso, uma imagem bem diferente pode surgir, o que afetaria a receptividade do público com relação aos produtos.


“Relatar medidas relativas pode resumir evidências de um estudo para comparações com outros estudos, mas medidas absolutas são necessárias para aplicar achados do estudo a circunstâncias clínicas ou de saúde pública específicas. Omitir achados absolutos de redução de risco em saúde pública e relatórios clínicos de eficácia da vacina é um exemplo de viés de desfecho tendencioso, que ignora desfechos desfavoráveis ao induzir erro à impressão e à compreensão científica do público sobre a eficácia e os benefícios reais de um tratamento. Além disso, a obrigação ética e legal do consentimento informado exige que os pacientes sejam educados sobre os riscos e benefícios de um procedimento ou intervenção de saúde” – Brown 2021

Brown frisa que a comparação de vacinas com base nos dados de ensaio atualmente disponíveis (interinos) é dificultada ainda mais por protocolos de estudo díspares, incluindo desfechos primários (como o que é considerado um caso de COVID-19 e quando isso é avaliado), tipos de placebo, populações de estudo, riscos de fundo de COVID-19 durante o estudo, duração da exposição e diferentes definições de populações para análises dentro e entre estudos, bem como definições de desfechos e métodos estatísticos de eficácia.


A intensidade da transmissão varia entre os países, afetada por fatores como intervenções de saúde pública e variantes do vírus, tal que uma vacina com uma determinada eficácia numa população do estudo pode não ter a mesma eficácia em outra população com diferentes níveis de risco de COVID-19.


Também não é considerada nas declarações de eficácia o rápido declínio de eficácia com base na imunidade humoral (e.g., Lassaunière et al. 2022). Anticorpos em baixa quantidade podem resultar em maior susceptibilidade à doença com efeito inverso ao esperado num programa de vacinação.

Também não é informado quantos seriam necessários vacinar para evitar uma morte e quantas reações adversas graves teríamos nesse conjunto em termos de relação risco-benefício. O fato é que a taxa de mortalidade combinada à taxa de infecções elevaria o número necessário para vacinar para evitar uma morte além da casa dos 10 mil quando considerados indivíduos menores de 65 anos sem comorbidades cujas taxas de mortalidade estão usualmente abaixo de 1% (Ioannidis et al. 2020), sendo cada vez menores com a redução da faixa etária. Se uma miríade de mortes por doenças graves induzidas pelas injeções do COVID-19 girarem acima de 1/10mil, a relação risco-benefício da vacinação seria claramente desfavorável. O desinteresse das agências de saúde pública em calcular a relação risco-benefício, a negligência de governos em relação a vítimas injuriadas pelas injeções, e a censura sobre questões relativas a eventos adversos nas mídias e redes sociais correspondem a um quadro sintomático de que há mais que um elefante escondido na sala.

REFERÊNCIAS

  • Brown R.B. 2021 Outcome Reporting Bias in COVID-19 mRNA Vaccine Clinical Trials. Medicina 2021, 57(3), 199; https://doi.org/10.3390/medicina57030199

  • Ioannidis, J.P.A, Axfors, C., and Contopoulos-Ioannidis, D.G. Population-level COVID-19 mortality risk for non-elderly individuals overall and for non-elderly individuals without underlying diseases in pandemic epicenters. Environmental Research, Volume 188, 2020, 109890, ISSN 0013-9351, https://doi.org/10.1016/j.envres.2020.109890

  • Lassaunière R, Polacek C, Frische A, et al. Neutralizing Antibodies Against the SARS-CoV-2 Omicron Variant (BA.1) 1 to 18 Weeks After the Second and Third Doses of the BNT162b2 mRNA Vaccine. JAMA Netw Open. 2022;5(5):e2212073. https://doi:10.1001/jamanetworkopen.2022.12073

  • Olliaro, P., Torreele, E. and Vaillant, M. 2021 COVID-19 vaccine efficacy and effectiveness—the elephant in the room. The Lancet: Microbes 2(7), E279-E280; https://doi.org/10.1016/S2666-5247(21)00069-0

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