
Daniel Sheanan Colmenero Lin
7 de jul. de 2022
Confira o impacto combinado da pandemia e da guerra na Ucrânia sobre a pobreza
Até o final de 2022, ao menos mais 75 milhões de pessoas foram empurrados para a pobreza (vivendo com menos do que US$ 1,90 por dia) do que o esperado antes da pandemia (Sidik, 2022). Pesquisadores do Banco Mundial estimaram como o número de pessoas em situação de pobreza variou nos últimos anos, assumindo que a renda de todos subiu e caiu proporcionalmente à variação da renda de uma pessoa média em seu país. Em 2022, até 677 milhões de pessoas podem estar vivendo em extrema pobreza – quase 100 milhões mais do que sem as crises combinadas da pandemia, da inflação e da guerra na Ucrânia que exacerbaram as desigualdades (Fig. 1).

Fig. 1 Variação histórica e estimada do número de pessoas em extrema pobreza devido ao impacto da pandemia
A África Subsaariana foi quem mais sofreu com o aumento do número de pessoas em extrema pobreza, seguida do Oriente Médio e Norte da África, Leste Asiático e Pacífico, Caribe e América Latina, e finalmente a Europa e Ásia Central. O Banco Mundial também revelou que pessoas com mais baixa renda tiveram as maiores perdas financeiras, e embora pessoas de todos os níveis de renda perderam dinheiro, os que ganham mais recuperaram mais da metade de suas perdas entre 2020 e 2021, enquanto os de menor renda não recuperaram suas perdas em comparação com aumentos esperados dos ganhos (Fig. 2).

Fig. 2 Variação da renda percentual entre cinco categorias de renda
As Nações Unidas reportaram que lockdowns empurraram até 160 milhões à fome em 2020 – a fome superou o crescimento populacional ao atingir 9,9% das pessoas; em 2019 eram 8,4% no mundo subnutridos: mais da metade dos subnutridos (418M) vivem na Ásia; mais de um terço (282M) na África; e 60M na América Latina. Mas o maior aumento foi na África, onde a prevalência de 21% de desnutridos é mais que duas vezes o de qualquer região. Mais de 2,3B (ou 30% da população global) não tiveram alimentação adequada em 2020: um salto equivalente a 5 anos anteriores combinados; 3B permaneceram sem dietas saudáveis em grande parte devido a custos excessivos. Em 2020, mais de 149M de crianças menores de 5 anos foram atrofiadas para a idade; mais de 45M induzidos à magreza, enquanto 39M ao excesso de peso.
Notavelmente, o plano das Nações Unidas para a redução das desigualdades ao longo desta década será um tanto tortuoso, uma vez que a obtenção de licença para governança global só é concebida através da promoção de crises fabricadas pelas próprias entidades que fomentam as metas de desenvolvimento sustentável da Agenda 2030.
REFERÊNCIAS:
Sidik, S.M. 2022 How COVID has deepened inequality — in six stark graphics. Nature 606: 638–639.