top of page
  • Twitter
  • YouTube
  • Telegram
  • Telegram PC

Ucrânia quebra, Rothschild lucra

Daniel Sheanan Colmenero Lin

5 de out. de 2024

O jogo financeiro dos Rothschild na Ucrânia: como a potência bancária lucra desde o golpe de Estado de 2014 e agora molda a reestruturação da dívida pública do país

Em meio à turbulência política e econômica que se seguiu ao golpe neonazista de 2014 na Ucrânia, famosa família judaica de banqueiros emergiu como uma das principais forças financeiras nos bastidores, desempenhando papel fundamental onde paradoxalmente se celebra colaboradores neonazistas como heróis nacionais. Agora, meses após a Rússia invadir a Ucrânia, o consultor financeiro do país, Rothschild & Co, entregou ao chefe da dívida de Kiev uma espessa pasta preta detalhando as principais reestruturações da dívida soberana dos últimos 30 anos. Com a economia paralisada pelo custo e destruição da guerra, em agosto de 2022, a Ucrânia concordou com os credores em suspender os pagamentos dos seus títulos. Sem um fim à vista para o conflito, o país selou uma das mais rápidas e maiores reestruturações de dívida da história.

 

A reestruturação de mais de 20 bilhões de dólares da dívida externa ucraniana poupará a Kiev 11,4 mil milhões de dólares nos próximos três anos – crucial tanto para o seu esforço de guerra em curso como para o seu programa do FMI.

 

© Getty Images / John Coletti

De reveses iniciais por divergências sobre montantes de amortização e incerteza econômica ao acordo de reestruturação da dívida com o FMI

As negociações em junho de 2022 para a reestruturação da dívida ucraniana enfrentaram um impasse quando o comitê central de detentores de obrigações criticou a proposta da Ucrânia, afirmando que as condições de amortização exigidas eram "significativamente superiores" aos 20% que os credores esperavam. Essa diferença entre o que a Ucrânia demandava e o que os credores estavam dispostos a aceitar ameaçava prejudicar as relações entre as partes.

 

Com o prazo da moratória de pagamento se aproximando rapidamente — há menos de 2 meses antes de expirar em ago/24 — a Rothschild organizou uma série de reuniões presenciais em Paris para tentar destravar as negociações. Em 16 de julho de 2024, representantes de algumas das maiores empresas de gestão de ativos, como BlackRock e Amundi, se reuniram com o vice-ministro das Finanças da Ucrânia, Yuriy Butsa, os consultores legais da Ucrânia e a equipe da Rothschild. A urgência dessas reuniões foi exacerbada por uma atualização recente das projeções econômicas do FMI, que apontavam para um quadro econômico ainda mais deteriorado para a Ucrânia, mas forneciam uma base renovada para as negociações.

 

Durante as reuniões, a Ucrânia apresentou sua proposta, e os credores, representando gigantes do setor de gestão de ativos, fizeram suas exigências: que os pagamentos de juros (cupons) fossem retomados imediatamente, que houvesse um "caminho para a recuperação do capital" e que o processo de reestruturação fosse mantido o mais simples possível.

 

Especialistas do FMI permaneceram disponíveis, tanto em Kiev quanto em Washington, para realizar modelagens complexas que avaliassem o impacto de cada proposta sobre a sustentabilidade da dívida da Ucrânia no longo prazo. No entanto, as conversas foram complicadas pela discussão sobre a exploração dos ativos russos congelados e pela confusão gerada por uma nova política do FMI, que buscava ajudar o país em meio à guerra. Além disso, tanto a equipe de Butsa quanto o FMI se mostraram firmes contra a ideia de emitir "garantias do PIB" como as utilizadas na reestruturação de 2015, pois isso implicaria em custos elevados para a Ucrânia, caso o PIB nominal excedesse US$ 125,4 bilhões e o crescimento anual ultrapassasse 3%.

 

Como alternativa, a Ucrânia ofereceu uma obrigação mais simples indexada ao PIB, ao mesmo tempo que aceitava o desejo dos credores de pagamentos de cupons imediatos, começando com uma taxa de 1,75% e aumentando gradualmente para 7,75%. A reestruturação dos US$ 20 bilhões em dívida foi finalmente concluída, com a aprovação de mais de 97% dos detentores de títulos. O acordo, estruturado para ser elegível para os principais índices de obrigações, facilitava a compra e venda no mercado, o que praticamente superou as diferenças entre as partes​.

 

Este relato de como o acordo da Ucrânia com os detentores de títulos foi concretizado baseia-se em entrevistas com cinco fontes, tanto do governo como dos investidores, que estiveram envolvidas nas negociações e concordaram em falar com a Reuters no anonimato.

 


Como os banqueiros lucram?

Os banqueiros lucram com a reestruturação de dívidas públicas como a da Ucrânia de várias maneiras, principalmente através de comissões, taxas e juros aplicados às negociações e empréstimos que organizam. Veja como isso funciona:

  1. Consultoria e Mediação: Grandes bancos como Rothschild & Co cobram taxas substanciais por seus serviços de consultoria, assessoria financeira e mediação em processos complexos de reestruturação de dívida. Quando eles facilitam negociações entre governos e credores (como no caso da Ucrânia com BlackRock e Amundi), o pagamento por esses serviços já representa uma fonte de lucro considerável.

  2. Emissões de Títulos: Quando um governo reestrutura sua dívida, novos títulos podem ser emitidos para substituir os antigos. Bancos de investimento, como os Rothschild, muitas vezes ajudam na emissão desses novos títulos, cobrando uma porcentagem do valor total. Além disso, eles podem lucrar com a negociação e venda desses títulos no mercado secundário.

  3. Compra de Dívidas com Desconto: Bancos e gestores de ativos podem adquirir títulos de dívida a preços muito abaixo do valor nominal durante crises financeiras. Quando a dívida é reestruturada e o governo retoma os pagamentos, esses títulos podem render lucros significativos.

  4. Gestão de Ativos: Firmas como BlackRock também gerem enormes fundos que investem em dívida soberana. Assim, essas empresas, além de receber taxas de gestão, podem obter rendimentos dos juros pagos pelos governos sobre os títulos.


Essas operações são lucrativas tanto em termos de comissões quanto pelo potencial de valorização dos títulos emitidos, tornando a participação de bancos de investimento um componente central do processo de reestruturação da dívida de países como a Ucrânia​

 

 

O que a Ucrânia precisou comprometer para garantir o financiamento da reestruturação de sua dívida externa?

Para garantir o financiamento de sua reestruturação da dívida, a Ucrânia precisou fazer uma série de concessões e compromissos. Estes compromissos envolvem tanto impactos financeiros de curto e longo prazo quanto consequências políticas e econômicas:

  1. Suspensão de Pagamentos de Juros e Prorrogação de Prazos: A Ucrânia negociou uma moratória temporária de dois anos no pagamento de cerca de US$ 20 bilhões em dívida externa, o que significa que o país suspendeu temporariamente os pagamentos de juros de seus títulos. No entanto, essa suspensão resultará em um acúmulo de encargos financeiros, pois os pagamentos que forem adiados ainda terão que ser feitos futuramente, potencialmente com acréscimo de juros.

  2. Emissão de Novos Títulos Atrelados ao PIB: A Ucrânia também se comprometeu a emitir títulos atrelados ao seu Produto Interno Bruto (PIB), o que significa que os pagamentos futuros aos credores estarão ligados ao desempenho da economia ucraniana. Se a economia do país crescer mais rápido do que o esperado, os credores poderão receber mais. Este mecanismo, embora atraente em termos de flexibilização, também representa um risco para o país, já que um crescimento econômico acelerado poderia aumentar os custos da dívida.

  3. Privatização e Reestruturação de Empresas Estatais: A Ucrânia também prometeu privatizar e reestruturar empresas estatais, como a Naftogaz, a maior empresa de energia do país. Essas privatizações são frequentemente exigidas pelos credores como parte dos pacotes de financiamento, e podem enfraquecer o controle do governo sobre setores estratégicos, além de beneficiar investidores estrangeiros.

  4. Imposição de Medidas de Austeridade: Como parte dos acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e os credores, a Ucrânia provavelmente terá que implementar medidas de austeridade, o que inclui cortes nos gastos públicos e possíveis reformas fiscais. Isso pode aumentar o ônus social para a população ucraniana, com efeitos adversos sobre a qualidade de vida e os serviços públicos.

  5. Dependência de Investidores Internacionais: Com a participação de grandes empresas de gestão de ativos como BlackRock e Amundi na reestruturação da dívida, a Ucrânia aumenta sua dependência de investidores internacionais. Isso pode restringir sua soberania em termos de políticas econômicas, pois os credores podem influenciar decisões financeiras futuras.

 

O ônus para a Ucrânia, portanto, envolve o aumento da dívida no longo prazo devido ao acúmulo de juros, a possível perda de controle sobre setores estratégicos através de privatizações, e o impacto social das medidas de austeridade que poderão ser impostas como parte do acordo.

 

 

Como os Rothschilds lucram com a Ucrânia desde o Golpe Neonazista de 2014

Esta não foi a primeira incursão da família nos negócios ucranianos; de fato, sua influência remonta a 2014, logo após o golpe de Estado. Naquela época, o então presidente ucraniano Petro Poroshenko contratou a Rothschild & Cie para vender seus ativos. No entanto, ao invés de uma venda concreta, descobriu-se que os ativos foram entregues ao Rothschild Trust – uma movimentação estratégica que levantou sobrancelhas.


Praça da Independência
A fumaça sobe acima das barricadas em chamas na Praça da Independência durante protestos antigovernamentais em Kiev, 20 de fevereiro de 2014 – REUTERS/David Mdzinarishvili.  

 

Desde 2015, os Rothschilds ofereceram-se para mediar as conversas da Ucrânia com seus credores, sendo uma força constante nas negociações de reestruturação da dívida do país. Em 2017, a Rothschild S.p.A. garantiu a licitação para fornecer serviços bancários e de investimento à Naftogaz, a gigante de petróleo e gás da Ucrânia. E, no mesmo ano, o conselho do banco estatal PrivatBank convocou um consórcio formado por Rothschild, EY e FinPoint para reestruturar seus fundos. Até o magnata ucraniano Ihor Kolomoisky recorreu aos Rothschilds em 2019, em uma tentativa de recuperar uma participação de 25% no PrivatBank, uma de suas antigas joias empresariais.

 

Mas a influência dos Rothschilds na Ucrânia não se limitou ao setor financeiro. Em julho de 2017, o primeiro-ministro ucraniano da época, Volodymyr Groysman, teria se reunido em segredo com Nathaniel Jacob Rothschild em Londres. Segundo o ex-deputado ucraniano Oleg Tsarev, Groysman aspirava ser o próximo presidente, e via nos Rothschilds uma alavanca para alcançar essa ambição.

 

A relação da família com a elite política ucraniana foi exposta de maneira embaraçosa em julho de 2023, quando os humoristas russos Vovan e Lexus enganaram Alexandre de Rothschild, presidente executivo da Rothschild & Co, fazendo-o acreditar que estava conversando com o presidente Volodymyr Zelensky. Durante a conversa, de Rothschild revelou que a família vinha colaborando com o governo ucraniano desde 2017, principalmente na captação de fundos de empréstimos. O banqueiro afirmou ainda que os Rothschilds planejam participar ativamente da “reconstrução da Ucrânia” após a guerra, com investimentos previstos em setores como energia, habitação e logística. Ele mencionou um pacote de financiamento para a reconstrução de mais de US$ 750 bilhões, que começaria em 2023 e se estenderia por cerca de dez anos.

 

O envolvimento profundo dos Rothschilds na Ucrânia levanta questões intrigantes sobre os interesses financeiros globais no país. Muito antes de 2024, a família já vinha se beneficiando dos laços com Kiev, tendo ajudado a esculpir a riqueza da nação desde a crise política de 2014. Este interesse pelos recursos ucranianos, que incluem terras agrícolas ricas e uma posição estratégica na geopolítica da Europa Oriental, é uma extensão natural da longa história dos Rothschilds na manipulação de crises globais a seu favor.


Em um mundo onde o poder financeiro muitas vezes se esconde nas sombras, a família Rothschild continua sendo uma das figuras mais enigmáticas e influentes, atuando nos bastidores de grandes eventos geopolíticos e reestruturações econômicas. Se o destino da Ucrânia realmente está ligado a esse clã bancário, só o tempo dirá, mas uma coisa é certa: os Rothschilds não perdem uma oportunidade quando se trata de lucrar com as crises do mundo.

RECEBA GRATUITAMENTE TÓPICOS ESPECIAIS DA ORION MEDIA CENTER:

SIGA NOSSAS REDES SOCIAIS:

Celular

Telegram.png

PC

Telegram PC.png
YouTube Logo.png

Orion Media Center

Celular

Telegram.png

PC

Telegram PC.png
YouTube Logo.png

Guerra Híbrida

Comentários
مشاركة أفكارككن أول من يعلِّق.
bottom of page